Aos
83 anos de idade, um metro e meio de altura e 37 kg, Efigênia
Rolim construiu
um legado que mistura fantasia, reciclagem e, como ela mesma diz pausadamente,
para não errar: sus-ten-ta-bi-li-da-de.
Ex-lavradora,
de origem mineira, chegou ao Paraná acompanhada do marido com o sonho de ganhar
muito dinheiro na lavoura. No entanto sua vida não foi nenhum conto de fadas.
Após perceber que a realidade era muito diferente do que haviam imaginado, não
desanimou.
Dona
de muitas histórias e de uma capacidade incrível de encantar, Efigênia
encontrou-se com a arte de forma inusitada. Ao caminhar pela rua, foi envolvida
por um forte vento, que trouxe aos seus pés um papel de bala verde brilhante.
Encantada pela cor, que mais parecia uma esmeralda, resolveu fazer sua primeira
obra de arte, que foi uma flor, ou teria sido um passarinho? – recorda-se ela.
Hoje, escultora,
estilista, poetisa, contadora de histórias e repentista, é mãe
de 9 filhos, orgulha-se de sua vida e acredita que ainda pode construir muita
coisa. Figura conhecida na cidade de Curitiba, "A
Rainha do Papel de Bala", como é chamada, já teve suas
obras expostas no museu Oscar Niemeyer (MON) e na Bienal Internacional de arte
em 2013.
Atualmente
vive de suas criações e uma de suas peças pode chegar a custar três mil reais.
São bonecos, animais, chapéus e vestidos que já viajaram para várias partes do
mundo. O que encanta são as historias por trás de cada peça, recheadas de
fadas, heróis, cavaleiros, princesas e bruxinhas.
De
maneira simples, seus contos são compostos por uma profundidade que pode ser
percebida como lição de vida.
Através
de seus textos, poesias, arte e muita alegria, Dona
Efigênia mostra
que podemos ser felizes e nos encontrar naquilo que fazemos. Mostra também que,
apesar das adversidades, somos capazes de criar nossas próprias oportunidades,
bastando "tirar as ideias da cabeça" como ela mesmo diz, tocando o
chapéu feito com lã e retalhos de tecido.
Sua
vida, que mais parece ter saído da imaginação de algum contador de história,
também virou um livro "A viagem de Efigênia Rolim nas Asas do Peixe
Voador" (Edição
Independente, 2012), da jornalista e biógrafa – Dinah Ribas Pinheiro. E também
dois documentários intitulados: a "Rainha de Papel", dos
cineastas Estevam Silveira e Tiomkim (1998), no qual foi "batizada";
e "O Filme da Rainha", do cineasta argentino
Sergio Mercuri, de 2005.
A
carreira de Efigênia começou tarde, quando muitas pessoas pensam que já fizeram
por sua vida profissional tudo o que podiam. Desde a primeira obra, feita de um
papel de bala, até o reconhecimento com a primeira exposição, foram alguns
anos, mas ela não desistiu, e seguiu firme no propósito de fazer um mundo
melhor, inclusive para ela mesma.
* Gisele Meter é psicóloga, diretora executiva de Recursos Humanos e
palestrante. Atua com gestão estratégica de pessoas, adora escrever sobre o
universo feminino nas organizações e acredita que uma mulher pode ser tudo o
que quiser desde que acredite em sua força interior.
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