Silas Scalioni - Estado de Minas
Publicação: 22/07/2014 08:29
O cientista da computação
Gustavo Pantuza com sua engenhoca, que vigia e passa informações para
familiares do idoso.
O uso da robótica na vida
cotidiana vai, aos poucos, deixando de ser ficção para se tornar realidade. E
não só grandes empresas de tecnologia investem em projetos que utilizam robôs,
mas também jovens com talentos especiais, ligados ou não a instituições de
ensino e pesquisa, desenvolvem protótipos que podem muito bem se tornar
produtos comerciais e ajudar as pessoas a enfrentar problemas e situações
inusitadas. Um bom exemplo disso é o do cientista da computação Gustavo Pantuza
Coelho Pinto, de apenas 24 anos, pesquisador da Universidade Federal de Minas Gerais
(UFMG), que criou um robozinho (ao qual deu o nome de Pitoco) para ser um
cuidador de idosos, principalmente aqueles portadores de doenças degenerativas,
como Alzheimer.
“O cuidado com o idoso é um
sério problema enfrentado por familiares, e os computadores têm sido empregados
com sucesso na ajuda a pessoas com comprometimento cognitivo leve e de moderada
demência”, diz o jovem cientista, lembrando que há momentos em que esses idosos
passam parte ou todo o dia sozinhos dentro de residências ou em ambientes
específicos. Consequentemente, os responsáveis por essas pessoas têm
dificuldades em saber o estado do idoso quando não estão por perto. “Diante
desses problemas e do potencial que os computadores apresentam para tais
situações, desenvolvi um sistema pelo qual é possível identificar riscos no
ambiente, como a presença de fogo e a própria ausência da pessoa vigiada.”
O
robozinho foi feito com caixa de plástico para guardar alimentos, palitos de
picolé e restos de fios
Riscos
detectados
Pitoco, o pequeno robô, é um carrinho que se
move por um ambiente previamente conhecido, capturando imagens. Ao término de
sua rota, ele transmite as fotos, via rede wireless de internet, para um
serviço web, que as processa, buscando identificar possíveis riscos e, assim,
manter notificações ao cuidador ou familiares do idoso, por meio de um site de
acesso privado. “No caso, hoje, por ainda não ser um produto comercial, as
fotos são enviadas para o endereço cuidador.pantuza.com, onde é possível fazer
login para serviço de acesso único do usuário do robozinho. “O protótipo criado
se locomove em um movimento previamente definido. Mas é possível implementar
nele inteligência artificial ou sistema de controle por celular para determinar
outros tipos de movimentos e, até mesmo, o desvio de obstáculos, com a
implantação de sensores”, explica.
Para a idealização do projeto, Gustavo Pantuza conta que fez uma visita ao instituto Jenny de Andrade Faria, em Belo Horizonte, que presta serviços de atenção ao idoso e à mulher. Ele foi acompanhado, durante a observação de atendimento a pessoas com Alzheimer, por duas terapeutas ocupacionais, para conhecer os problemas enfrentados pelos idosos e pelos cuidadores frente à doença. “A visita me motivou a criar uma estratégia para a viabilização do projeto, dada a carência de tecnologias no monitoramento e no cuidado com tais pessoas”, revela.
Para a idealização do projeto, Gustavo Pantuza conta que fez uma visita ao instituto Jenny de Andrade Faria, em Belo Horizonte, que presta serviços de atenção ao idoso e à mulher. Ele foi acompanhado, durante a observação de atendimento a pessoas com Alzheimer, por duas terapeutas ocupacionais, para conhecer os problemas enfrentados pelos idosos e pelos cuidadores frente à doença. “A visita me motivou a criar uma estratégia para a viabilização do projeto, dada a carência de tecnologias no monitoramento e no cuidado com tais pessoas”, revela.
Inteligente e funcional
O robozinho foi montado com ferramentas de
hardware aberto (como ocorre no caso dos softwares com programas de código
livre). Ou seja, nada de propriedade privada foi usado. Por ser um protótipo,
Gustavo Pantuza usou materiais do cotidiano, como caixa de plástico para
aguardar alimentos, palitos de picolé e restos de fios. “Caso ele venha a ser
produzido para fins comerciais, esses produtos logicamente serão substituídos
por material mais apropriado.”
Se, na aparência, Pitoco utiliza materiais simples, tecnologicamente falando ele é um hard-ware bem sério. Seu cérebro é baseado em uma placa Arduino e conta com um shield (plaquinhas que se encaixam em cima do Arduino para aumentar sua funcionalidade) de wi-fi e outro shield de câmera. O robozinho tem ainda um silencioso driver para o motor. Duas baterias são usadas no protótipo, uma para alimentar a plataforma Arduino e outra para o motor. “Num cenário inteligente, no qual o robô seria acionado de cinco em cinco minutos para uma vigília, por exemplo, de dois minutos, uma bateria simples feita de pilhas comuns duraria o dia inteiro. No caso de funcionamento direto, a carga dura pouco mais de uma hora”, revela o cientista, ressaltando que o projeto pode ser desenvolvido ainda para outros fins. “Já estudamos um robô semelhante para vasculhar esgotos. O modelo poderia ter algumas garras para, caso fosse possível, consertar coisas erradas, como desobstruções internas.”
Industrializado
Se, na aparência, Pitoco utiliza materiais simples, tecnologicamente falando ele é um hard-ware bem sério. Seu cérebro é baseado em uma placa Arduino e conta com um shield (plaquinhas que se encaixam em cima do Arduino para aumentar sua funcionalidade) de wi-fi e outro shield de câmera. O robozinho tem ainda um silencioso driver para o motor. Duas baterias são usadas no protótipo, uma para alimentar a plataforma Arduino e outra para o motor. “Num cenário inteligente, no qual o robô seria acionado de cinco em cinco minutos para uma vigília, por exemplo, de dois minutos, uma bateria simples feita de pilhas comuns duraria o dia inteiro. No caso de funcionamento direto, a carga dura pouco mais de uma hora”, revela o cientista, ressaltando que o projeto pode ser desenvolvido ainda para outros fins. “Já estudamos um robô semelhante para vasculhar esgotos. O modelo poderia ter algumas garras para, caso fosse possível, consertar coisas erradas, como desobstruções internas.”
Industrializado
Os próximos passos, segundo Gustavo Pantuza,
caso haja interesse do mercado, são aplicar inteligência artificial ao robô,
melhorar a parte de circuitos e criar chassis mais industriais. “Tudo bem
simples de introduzir”, afirma. De acordo com cálculos do seu criador, Pitoco
custou em torno de US$ 200 para ficar pronto, valor que certamente seria bem
inferior, caso fosse produzido industrialmente. “Tive de comprar tudo
individualmente: a câmera, o Arduino, os shields, o chassi. Para a indústria,
isso seria bem mais econômico, principalmente porque pretendo continuar fazendo
tudo utilizando código aberto”, completa.
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